A corrupção é um mal que assola a sociedade há milhares de anos, e uma prática que mina recursos que poderiam ser empregados pelos governos em prol da saúde e educação e outras áreas fundamentais para o desenvolvimento humano. Nesse sentido a corrupção é, no fim das contas, responsável pela miséria e a pobreza de grande parte da população.
Ao contrário do que se pode pensar, ela não está atrelada apenas determinadas empresas como um estigma ou um mal do qual não há como se livrar, mas sim ao ambiente normativo e institucional em que as empresas e os cidadãos estão inseridos.
À duras penas, o empresariado brasileiro aprendeu que o não-compliance custa bem mais caro do que o compliance. As grandes empreiteiras que devolveram bilhões de reais aos cofres públicos – sem falar das multas que foram obrigadas a pagar – demonstraram a seguinte lição para as demais: vale a pena cumprir a Lei e fazer negócios com base em princípios éticos.
Gradualmente, o mercado vem valorizando empresas comprometidas com a integridade, que passam a ter vantagem competitiva diante dos concorrentes e critérios diferenciais na obtenção de investimentos, e até mesmo para contratar com o Poder Público. Muito mais do que evitar possíveis penalidades, as empresas estão percebendo que investir em integridade é bom para o próprio negócio.
Quando nós, profissionais de Compliance, disseminamos uma cultura de integridade no seio de uma organização através de procedimentos, treinamentos, etc. estamos alcançando seus colaboradores, fornecedores, clientes, enfim, pessoas das mais variadas áreas de atuação, classes sociais e históricos familiares. Essas pessoas – os stakeholders da empresa – passam a interagir com uma nova cultura corporativa baseada em princípios éticos e podem disseminá-la em seus respectivos microambientes. Dessa forma, quando esse movimento é multiplicado em larga escala, criamos uma rede de integridade que é capaz de gerar transformações relevantes e impactar a sociedade como um todo.
Pensar em um ambiente de negócios íntegro possibilita evoluir para um mercado em que características éticas das empresas tornam-se um diferencial no mundo corporativo. Portanto, o investimento em ética e integridade corporativa não é mais simplesmente uma forma de ação conveniente, e sim uma condição de sobrevivência no mercado!
Além disso, acredito que o desenvolvimento da cultura ética corporativa pode contribuir para a construção um ambiente de negócios transparente e uma sociedade mais igualitária. Podem até me achar otimista demais, mas sonho ver um Brasil mais íntegro, e acredito que podemos contribuir para isso através do nosso trabalho de profissionais de Compliance, disseminando valores éticos dentro de empresas.
Por Sara Albergaria Oliveira Lages
